Trabalho de divulgação científica busca resgatar histórias de cientistas mulheres

Trabalho de divulgação científica busca resgatar histórias de cientistas mulheres nas áreas de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas

O trabalho desenvolvido pela aluna de mestrado profissional Beatriz Ribeiro Zanon resgata histórias e a contribuição de cientistas mulheres dentro das áreas de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas. Durante seu projeto, está sendo desenvolvido um website de divulgação, onde serão disponibilizados vários materiais didáticos, imagens e um glossário que unem as três áreas de conhecimento do IAG-USP.

Beatriz Zanon
Beatriz Zanon é estudante do Mestrado Profissional em Astronomia (IAG-USP).

Beatriz é formada em Biologia e possui especialização em Ensino de Biologia. Com mais de 14 anos de carreira como professora em escolas públicas e privadas, ela teve seu primeiro contato com o IAG-USP ao participar do curso de formação de professores de Astronomia Geral. Interessada em estudar mais sobre a natureza, sua grande paixão, decidiu ingressar no curso de Mestrado Profissional em Astronomia no ano de 2023 sob a orientação da Profa. Dra. Andrea Teixeira Ustra.

“Em 2023, fiz um curso de formação de professores de Astronomia Geral pelo IAG, onde conheci o mestrado profissional e me identifiquei bastante, pois já faz algum tempo que trabalho questões de gênero na escola e achei que poderia fazer um projeto para o IAG relacionado ao Astrominas.”

Seu projeto intitulado "Cientistas Brilhantes: Divulgação da História das Mulheres na Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas através de um Website" contribui para o quinto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que diz respeito àa igualdade de gênero. Beatriz espera que seu website seja usado por estudantes e auxilie na formação de professores. Futuramente, ela planeja uma ampliação do website, com a criação de uma área com jogos didáticos.

“Acho que o mais importante desse projeto é fazer a divulgação da contribuição das mulheres nas ciências. Desde criança, não me recordo de ver modelos femininos em livros ou apostilas. Agora, como professora, esse erro persiste. As mulheres cientistas continuam invisibilizadas, não só na minha área de atuação, mas em diversas outras.”

 

Site Cientistas Brilhantes (prévia)

 

Segundo os indicadores sociais do IBGE*, no ano de 2016 as mulheres compunham 21,5% da população entre 25 e 44 anos que possuíam nível superior completo, contra 15,6% dos homens. Contudo, a taxa de participação feminina preta ou parda com ensino superior cai pela metade. Muitas mulheres no meio acadêmico continuam sendo invisíveis aos olhos da sociedade. Como advinda do fácil acesso à internet, a divulgação científica ganhou força para conquistar o interesse de mulheres mais jovens pelas ciências naturais e exatas. Com a criação do website “Cientistas Brilhantes”, muitas meninas poderão se inspirar por modelos femininos. Quando indagada sobre qual cientista mulher marcou sua trajetória como um exemplo de força feminina, Beatriz relatou que:

“Tive professoras durante a escola e a graduação que me marcaram bastante, mulheres fortes, pesquisadoras e mães, que desenvolvem projetos e pesquisas incríveis. Na graduação conheci a história da Rosalind Franklin, uma das cientistas mais notáveis do século XX. Ela fez descobertas cruciais sobre a estrutura do DNA, apesar de enfrentar obstáculos significativos devido ao seu gênero.  Mas uma pessoa que realmente foi um divisor de águas para mim foi a professora Lys do IAG. O entusiasmo dela é contagiante. Ela torna a ciência acessível e mostra que é possível conciliar a vida pessoal e profissional. Casada, com filha, com super ideias, trabalha com coletivo, é interdisciplinar e acredita na educação. Ela é uma grande inspiração para mim.”

Entretanto, a nossa curiosidade para saber como ficou o site está com seus dias contados. Já na próxima edição do Astrominas, que será realizado nas férias de julho de 2024, o site será divulgado para as estudantes entre 14 e 17 anos que se inscreveram no projeto. O primeiro passo seria avaliar a receptividade do website pelas garotas.

“Acredito que meu trabalho é algo necessário e que agrega demais para a comunidade, é interdisciplinar, enriquecedor e acessível ao público. Ele é feito para jovens, para garotas e para toda a comunidade. Acredito que é um material inspirador. Traz a mensagem de que a mulher pode fazer o que quer, estar onde quer, e principalmente, que elas sempre estiveram presentes e conseguiram ganhos maravilhosos para o conhecimento e a comunidade.”

Pensando no âmbito comunitário, e em como a comunidade do IAG tem enfrentado a questão da igualdade de gênero, Beatriz comentou que sente que:

“O IAG desenvolve algo incrível com o Astrominas, incentivando tantas garotas e divulgando o trabalho feito por mulheres. O Projeto Cecília, que leva conhecimento às escolas públicas, também é excelente, com monitoras mulheres. Acho que a cada ano o IAG tem crescido bastante em relação às questões de gênero. Talvez um dia de comemoração das mulheres cientistas, com palestras ou uma semana dedicada às cientistas no IAG, aberto ao público, seria algo que somaria.”

 

*Fonte: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf

Escrito por: Júlia Massucato Silva, Mestre em Geofísica e Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geofísica do IAG-USP e participante do Grupo de Trabalho para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no IAG-USP.

Revisado por: Luanah Santos, Secretária do Departamento de Geofísica e participante do Grupo de Trabalho para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no IAG-USP.