Tomografia de velocidade de fase de ondas de superfície de terremoto e ruído ambiental da litosfera Sul-Americana.

Autor Lúcio Quadros de Souza
Orientador Marcelo Sousa de Assumpção
Tipo de programa Doutorado
Ano da defesa 2024
Palavras chave Anisotropia sísmica
Crosta
Moho
Tomografia sísmica
Departamento Geofísica
Site web https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/14/14132/tde-16122024-115104/pt-br.p…
Resumo

As velocidades de fase das ondas Rayleigh foram determinadas automaticamente utilizando registros de terremotos de 1.022 estações sismográficas em toda a América do Sul, Antártica e Caribe entre 1990 e 2020 para 10.799 terremotos, resultando em 19.522 curvas de dispersão. Mapas de velocidade de fase da componente isotrópica e anisotrópica são apresentados para períodos entre 5 e 200 s. Para profundidades entre 0 e 300 km, as componentes isotrópicas foram utilizadas para calcular um modelo 3D de velocidade da onda de cisalhamento para o continente, com base em uma técnica de inversão estocástica de otimização por enxame de partículas. Também obtivemos um mapa de espessura da Moho para a América do Sul, que mostra boa concordância com o mapa de espessura crustal mais recente para a região. Anisotropia azimutal foi observada em áreas com pouca cobertura em estudos anteriores de SKS na Plataforma Sul-Americana, incluindo a Bacia do Amazonas, Cráton Amazônico e Bacia do Pantanal. Para períodos acima de 60 s, observamos a direção rápida de anisotropia azimutal orientada NE-SO nas regiões das bacias sedimentares do Pantanal e Chaco-Paraná. Essa tendência coincide com uma zona de baixa velocidade (-4% V_ a 100 km) observada neste e em outros estudos, interpretada como uma região de afinamento da litosfera. Este resultado sugere que o fluxo do manto é direcionado pela topografia litosférica nesta área. Em profundidades crustais nos Andes, a anisotropia azimutal é orientada paralelamente ao strike da orogenia, o que é consistente com a compressão observada da Placa Sul-Americana pela subducção da Placa de Nazca. Também observamos uma diferença sistemática entre os escudos da Guiana e do Brasil em profundidades litosféricas. Nosso modelo mostra que, em média, as velocidades das ondas de cisalhamento são aproximadamente 3% mais baixas no Escudo da Guiana do que no Escudo Brasileiro, o que pode resultar de um retrabalho da litosfera cratonica na região Província Magmática do Atlântico Central. Finalmente, observou-se baixa espessura crustal e litosférica na Província Tocantins, no Brasil, de acordo com estudos anteriores de refração sísmica e função do receptor, o que pode explicar a alta sismicidade observada nesta área. Curvas de dispersão de ruído ambiental foram calculadas de forma semelhante à metodologia dos terremotos. Utilizamos 138 estações sismográficas de 1998 a 2022 da Rede Sismográfica Brasileira e instalações temporárias para calcular 1.477 curvas de dispersão de velocidade de fase da onda Rayleigh. Mapas isotrópicos e anisotrópicos de ondas Rayleigh, para períodos entre 2 e 200 s, foram calculados combinando as curvas de dispersão do conjunto de dados de terremotos com o ruído ambiental. Para as velocidades de fase isotrópicas, os resultados mostram boa concordância com tomografias anteriores na crosta. Em 2 s, anomalias altas de velocidade de fase são observadas a oeste da Bacia do Pantanal em relação ao leste. Este resultado concorda com uma inversão conjunta de Função do Receptor, ondas de superfície e dados H/V e indica que o embasamento da bacia é mais raso no Oeste. Para as anisotropias azimutais e profundidades crustais (5 a 20 segundos), observamos uma tendência NE-SO da direção rápida da anisotropia ao norte da Bacia do Pantanal e NO-SE ao sul dela, bem correlacionada com o strike do cinturão do Paraguai sob a bacia. Nas mesmas profundidades, a direção rápida N-S das anisotropias foram observadas principalmente dentro da Bacia do Paraná, o que pode estar associado à colisão dos crátons Paranapanema, Rio Apa e Amazônico durante que colidiram durante a formação do Gondwana Ocidental no Neoproterozoico, conforme mencionado por um estudo anterior. Direções rápidas de anisotropias paralelas à margem passiva na Província Mantiqueira foram observadas e bem correlacionadas com um estudo de Pms splitting nesta área. Este resultado ajuda a confirmar a interpretação de que a anisotropia crustal e litosférica na Faixa Ribeira é devido a principalmente deformações de cisalhamento devido a Orogênese Brasiliana.

Anexo Lucio Quadros Silva.pdf