Mestrado: Influência das variáveis ambientais na morbidade hospitalar por doenças cardiovasculares e respiratórias no município de São Paulo

Data

Horário de início

14:00

Local

Auditório 2 do IAG (Rua do Matão, 1226, Cidade Universitária)


Defesa de dissertação de mestrado
Aluno: Alberto Afonso Junior
Programa: Meteorologia
Título: Influência das variáveis ambientais na morbidade hospitalar por doenças cardiovasculares e respiratórias no município de São Paulo

Comissão julgadora
Prof. Dr. Fabio Luiz Teixeira Gonçalves – IAG/USP
Prof. Dr. Anderson Spohr Nedel – UFPEL/Pelotas-RS
Profa. Dra. Adelaide Cassia Nardocci – FSP/USP
 
Resumo
Vários estudos ligados à relação entre variáveis ambientais (meteorológicas e poluentes) e internações ou mortes por doenças ligadas aos aparelhos respiratório e circulatório têm sido desenvolvidos no mundo todo. Estudos indicam que poluentes atmosféricos e variáveis meteorológicas são uma das principais causas das internações hospitalares por doenças cardiovasculares (DCV) e respiratórias (RESP), principalmente de crianças e idosos. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo principal, analisar as possíveis causas das internações ocorridas entre os anos 2004 e 2013 no município de São Paulo, com recurso a Análise de Componentes Principais (ACP), Regressão Linear (Simples e Múltipla) e estudo de casos, cuja seleção consistiu nas internações iguais ou superiores a ±3σ. Para o efeito, foram obtidos dados de internações para crianças (0 – 14 anos) e idosos (65 anos em diante) através do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), de poluentes atmosféricos Monóxido de Carbono (CO), Dióxido de Nitrogênio (NO2), Dióxido de Enxofre (SO2), Ozônio (O3) e Material Particulado Inalável (MP10), através da Companhia de Tecnologia e Saneamento Básico (CETESB). Por fim, dados de variáveis meteorológicas (temperatura, umidade relativa do ar e precipitação) através da estação meteorológica do Instituto de Astronomia Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG). Durante todo período de estudo, o mês de abril apresentou valores altos nas internações por RESP, e julho para as DCV, sendo a poluição uma das causas. E, quando comparado às variáveis meteorológicas quase todos máximos da RESP coincidem com mínimos da precipitação (PREC). Na ACP, destacam-se, com frequência, pesos altos e positivos para os poluentes primários (CO, NO2, SO2 e MP10) na componente principal um (CP1), seguidos de O3, variáveis meteorológicas e morbidade nas CP2 e CP3; em geral quando as morbidades aparecem na CP1, veem associadas aos poluentes, mas com um peso não significativo (menor que 0,5). Resultado diferente é notório quando aplicado o lag de três dias na série de dados, a morbidade vem associada com pesos significativos, RESP (0,68; 0,71) e DCV (0,78; 0,77), na CP1 e CP2 respetivamente. No outono e inverno, a RESP associa-se (0,30 < CP < 0,5), embora não significativamente aos poluentes primários na CP1 com uma variância superior a 30%, e no inverno tanto a RESP como a DCV apresentam um incremento considerável no peso, chegando a 0,97 na CP3. A regressão linear apresentou resultados estatisticamente significativos para maior parte das variáveis explanatórias, onde CO apresentou maior taxa de crescimento/decrescimento da morbidade. Os testes de hipóteses verificaram que MP10, URMAX, TMAX e TMIN não confirmaram a rejeição da hipótese nula (H0: β1 = 0) e a variável PREC embora tenha apresentado significância estatística não foi considerada por não ter comprido uma das quatro suposições, impostas para o uso do modelo de regressão linear. Os dez casos consistiram no acompanhamento dos sistemas meteorológicos até três dias antes do mesmo, onde as internações hospitalares nessas datas são justificadas pela queda de temperatura associada às massas de ar fria e seca. Os anticiclones também podem ser precedidos pelos sistemas frontais, advectando ar frio e seco para o continente, caso ocorrido dia 04 de novembro de 2013. Outro caso foi o do dia 12 de dezembro de 2010, marcado pelo aumento de temperatura, que esteve entre 25 – 35ºC, com um ciclone sobre o estado de São Paulo, para o dia seguinte ocorrer uma queda de temperatura para 20 – 30ºC, mostrando desse modo a forte dependência do perfil das internações e as condições do tempo.