Geocronologia do Grupo Bambuí: rumo ao Paleozóico?
Primeiro Autor | Marly Babinski |
Autores | Babinsky, M. |
Resumo | As recentes descobertas e o aprofundamento das pesquisas nas rochas carbonáticas do Grupo Bambuí, com emprego de isótopos tradicionais e não tradicionais, têm permitido avançar de forma significativa no entendimento sobre a sua evolução geológica durante o final do Neoproterozoico. Atualmente parece ser consenso que grande parte da bacia evoluiu em um ambiente restrito, com períodos intermitentes de conexão com os mares contemporâneos, o que pode ter permitido a ocorrência restrita de organismos cosmopolitas (e.g., Cloudina) na bacia. Contudo, a falta de idades precisas da sucessão sedimentar ainda constitui uma dificuldade para posicionar sua evolução no tempo. Para auxiliar neste debate, novas idades U-Pb foram obtidas em zircões detríticos separados de camadas pelíticas intercaladas em rochas carbonáticas das formações Sete Lagoas e Lagoa do Jacaré, no norte da bacia. Dados isotópicos de C, O e Sr também foram obtidos nas rochas carbonáticas. Uma seção estratigráfica da Formação Sete Lagoas (FSL) foi coletada na região de Correntina, BA, onde rochas carbonáticas estão depositados diretamente sobre o embasamento paleoproterozoico. A base é composta por dolomitos, capeados por calcários; os valores de δ13C são negativos na base (-5‰) passando a valores próximos de 0‰ a partir dos 20 metros de seção, padrão típico de capas carbonáticas. As razões isotópicas de Sr são bastante radiogênicas na base, mas menos radiogênicas (0,7085) a partir dos 18 metros. Um nível de marga identificado aos 12 metros, forneceu grãos de zircão detrítico com idades variando entre 2148 e 540 Ma; zircões mais antigos são discordantes. O zircão mais jovem possui uma idade 238U/206Pb de 540 ± 5 Ma, interpretada como idade máxima de deposição para esta unidade. Considerando que esta intercalação ocorre num nível de carbonato de capa, é possível sugerir que o evento glacial correspondente deve ser mais jovem que a Glaciação Marinoana (~635 Ma). Calcários dolomíticos escuros da FSL foram coletados na região de Santa Maria da Vitória, BA, e apresentaram valores de δ13C ao redor de +1‰ e razões 87Sr/86Sr de 0,7082, correspondendo ainda à sequência mais basal do Grupo Bambuí. Os zircões detríticos recuperados de uma intercalação pelítica nestes carbonatos mostraram idades U-Pb entre 2950 e 515 Ma; a maioria é mais jovem que 1 Ga e os 4 grãos mais jovens forneceram uma idade 238U/206Pb de 524 ± 11 Ma, considerada como a idade máxima de deposição. Intercalações pelíticas em carbonatos também foram coletadas na Formação Lagoa do Jacaré. São calcarenitos cinza com valores de δ13C de +12 ‰ e razões isotópicas de Sr ao redor de 0,7077. Poucos grãos de zircão foram recuperados neste nível e mostram dois intervalos de idade: 1950-2185 Ma e 551-695 Ma. Os dados U-Pb obtidos revelam que as rochas do Grupo Bambuí são mais jovens do que previamente assumidas e que a deposição de grande parte da sua unidade basal, a Formação Sete Lagoas, pode ter ocorrido no início do Paleozoico. Adicionalmente, a ocorrência de zircões detríticos tão jovens quanto 515 Ma está em contradição com os relatos de ocorrência do fóssil índice Cloudina sp. (542 to 553 Ma) em níveis estratigráficos equivalentes. |
Programa | Geofísica |
Ano de publicação | 2019 |
Tipo de publicação | Artigo publicado em congresso |
Nome da revista/jornal | Anais 4º Simpósio sobre o Cráton do São Francisco e Orógenos Marginais |
Localidade | Publicação Nacional |
Página inicial | 64 |
Página final | 64 |
Página web | http://28sgn.com.br/assets/files/Anais_4o_Simposio_sobre_o_Craton_do_Sao_Francisco_e_Orogenos_Marginais-ISBN.pdf |
Anexo | Babinski, M., Guacaneme, C., Paula-Santos, G.M., Caetano Filho, S., Amorim, C., Leme, J.M. & Trindade, R.I.F..pdf |