Levantamento Litoestrutural do Segmento Central da Zona de Cisalhamento Guaçuí

Autor Gelson Ferreira de Souza Junior,Gelson Ferreira de Souza Junior,Gelson Ferreira de Souza Junior,Gelson Ferreira de Souza Junior,Gelson Ferreira de Souza Junior
Autores Souza Jr, G.F.
Resumo

O Sistema Orogênico Araçuaí-Ribeira é constituído por um Núcleo Cristalino onde afloram rochas intensamente deformadas e metamorfizadas em alto grau durante o Ciclo Brasiliano-Pan-Africano. Neste núcleo são identificadas quatro grandes zonas de cisalhamento, entre elas a Zona de Cisalhamento Guaçuí (ZCGu). Essa estrutura é reconhecida por um lineamento NE-SW com extensão de aproximadamente 320 quilômetros e cinco quilômetros de largura. Seu limite norte encontra-se próximo do Vale do Rio Doce, entre as cidades de Aimorés/MG e Colatina/ES, com uma série de ramificações. Segue continuamente para sul até Itaperuna/RJ, onde deflete para SW chegando em Além Paraíba/RJ, fundindo com a Zona de Cisalhamento homônima. Considera-se que a ZCGu é uma estrutura formada na fase tardi-colisional de escape lateral do Orógeno Araçuaí, no final do ciclo Brasiliano (565-535 Ma). Marcada por uma foliação milonítica vertical a subvertical, cinemática transpressiva dextral, onde são descritos protomilonitos a ultramilonitos. A deformação afeta os gnaisses e migmatitos metamorfisados em fácies anfibolito a granulito do Complexo Paraíba do Sul, também correlacionados aos paragnaisses do Grupo Andrelândia, e o Ortognaisse Estrela. Com o objetivo de caracterizar as litologias e as estruturas que ocorrem na porção central da ZCGu foi feito um levantamento ao longo de perfis transversais e um longitudinal entre os municípios de Alegre-ES e Muniz Freire-ES. Com isso, foram identificadas as litologias: Biotita-Gnaisse Milonitizado (BGM), Charnockitoide Milonitizado (CM) e Granada-Gnaisse Milonitizado (GGM). A unidade BGM é a predominante e aflora ao longo de toda área estudada. A litologia que predomina na região central da ZCGu é a CM, varia em composição ao longo da zona, de forma que os representantes mais máficos afloram na porção norte da área de estudo. A unidade GGM apresenta-se associada a CM, a sul da área, e também aflora no extremo sul desse segmento. As descrições macroscópicas e microscópicas permitiram registar três eventos geológicos. O primeiro evento relacionado ao pico metamórfico foi responsável pela formação da foliação gnáissica regional, durante a colisão continental, que atingiu alto grau, fato suportado pelas evidências de fusão parcial vistas em campo. O segundo evento está relacionado ao metamorfismo dinâmico e consequentemente a formação da ZCGu, de caráter transpressivo dextral, em fácies anfibolito, dada a sua paragênese com hornblenda e biotita (sintectônicas) e confirmada pelas microestruturas núcleo-manto em cristais de feldspato e extinção ondulante em ortopiroxênio, ambas típicas de milonitos de médio grau (deformados entre 500 e 600 °C). O último evento refere-se ao progresso da deformação ou a reativação da zona de cisalhamento em fácies xisto verde. Nota-se que em fitas bem desenvolvidas de quartzo (ribbons) ocorre a formação de estruturas de mais baixa temperatura, extinção ondulante e bulgings (< 450 °C) associadas a paragênese de muscovita e clorita. Como esperado, as feições de deformação em médio grau aumentam relativamente em direção ao centro da ZCGu. Contudo, as características microestruturais da deformação de baixo grau ocorrem mais intensamente distante do centro da zona de cisalhamento principal, em um lineamento paralelo a ZCGu no contato da encaixante com Complexo Intrusivo Santa Angélica (CISA), isso permite sugerir que a colocação do plúton tenha reativado essa estrutura. 30

Programa Geofísica
Ano de publicação 2019
Tipo de publicação Artigo publicado em congresso
Nome da revista/jornal Anais XVII SNET XI SSBG
Localidade Publicação Nacional
Volume 1
Página inicial 30
Página final 30
Página web https://snet-ssbg-2019.com.br/anais-snet-ssbg-2019