Quimioestratigrafia da sequência basal do Grupo Bambuí no alto de Sete Lagoas: variações em alta frequência das razões 87Sr/86Sr .

Primeiro Autor Carolina Bedoya-Rueda
Autores Bedoya-Rueda, C.
Resumo

A evolução tectono-sedimentar do Grupo Bambuí, Bacia do São Francisco, tem sido
reinterpretada com base nos recentes indícios paleontológicos e dados geocronológicos
que sugerem que a deposição desta unidade ocorreu a partir do Ediacarano tardio. Nesse
contexto, os orógenos que circundam o Cráton do São Francisco já estariam edificados,
implicando em uma condição de mar epicontinental restrito. No presente estudo, foi
investigada uma sucessão carbonática da sequência basal do Grupo Bambuí (Formação
Sete Lagoas) através de um furo de sondagem de 175 m proveniente da região de Arcos
(MG), de estratigrafia conhecida, com o objetivo de compreender o comportamento do
sistema isotópico de Sr e as variações seculares das razões ”Sr/*Sr no contexto de um mar
epicontinental, A partir de análises quimioestratigráficas (C e Sr) foram identificados os três
intervalos quimioestratigráficos (CI) definidos anteriormente para as duas sequências basais
de 2a ordem do Grupo Bambuí. Na base da seção se encontra registrado o Cl-1, intervalo
característico por apresentar uma excursão negativa de 6"C de -3 a -5 %o, seguida de uma
excursão positiva para valores de 6C próximos de 0%ove razões *"Sr/**Sr > 0,7100, interpretadas
como evidência de alteração pós-deposicional dos carbonatos, em ambientes com influência
de água doce. Este intervalo se encontra associado ao trato de sistema transgressivo. O Cl-2
foi dividido em dois intervalos, que estão associados aos tratos de sistemas de mar alto inicial
e final. Na parte inferior, associado ao trato de sistemas de mar alto inicial, o Cl-2a apresenta
valores de 8"C próximos de +1 %o e razões *'Sr/*Sr ao redor de 0,7083, concordantes com as
razões reportadas para o Ediacarano tardio e sugerem um período de conexão da bacia com
o oceano ou com outras bacias epicontinentais do Gondwana, permitindo a homogeneização
isotópica. Na parte intermediária da seção, associado ao trato de sistemas de mar alto final, foi
definido o Cl-2b com valores de 5'%X próximos a +1 %o. A este estágio estão relacionadas as
ocorrências do fóssil índice Cloudina sp. do Ediacarano tardio. Este intervalo é caracterizado
por apresentar fortes variações nas razões *'Sr/**Sr, entre 0,7075 e 0,7080, que não concordam
com aquelas esperadas para o período, sugerindo o início da restrição da bacia e a perda da
homogeneização isotópica decorrente do soerguimento dos orógenos circundantes. No topo
da seção, já na segunda sequência, o Cl-3 corresponde à Formação Sete Lagoas superior e é
caracterizado por uma excursão positiva de 5" de valores próximos de +2 %o para +8 %o e
razões *ºSr/ºSr variando entre 0,7080 e 0,7085, as quais poderiam indicar um novo momento
de conexão associado a uma nova transgressão. A restrição na bacia poderia resultar numa
circulação termohalina ineficiente, influenciando o tempo de mistura das águas. Sob este
cenário, o ciclo hidrológico e geoquímico do Sr poderia ter se alterado, permitindo maiores
variações nas razões isotópicas em um curto período de tempo, no qual condições locais
prevaleceriam sobre as condições globais. A evolução das razões *Sr/**Sr no Grupo Bambui
permite alertar sobre o uso destes isótopos para correlações globais sem uma prévia avaliação
do contexto geotectônico das bacias investigadas.

Programa Geofísica
Ano de publicação 2019
Tipo de publicação Artigo publicado em congresso
Nome da revista/jornal Anais 4º Simpósio sobre o Cráton do São Francisco e Orógenos Marginais
Localidade Publicação Nacional
Volume 03
Página inicial 60
Página final 60
Página web http://28sgn.com.br/assets/files/Anais_4o_Simposio_sobre_o_Craton_do_Sao_Francisco_e_Orogenos_Marginais-ISBN.pdf
Anexo Bedoya-Rueda, C., Babinski, M., Caetano Filho, S., Paula-Santos, G., Guacaneme, C., Trindade, R.I.F. & Kuchenbecker, M..pdf