Restrição marinha no interior de Gondwana ocidental durante o final do Ediacarano: evidências a partir de dados 87Sr/86Sr e U-Pb do Grupo Bambuí.

Autor Cristian Guacaneme,Cristian Guacaneme,Cristian Guacaneme,Cristian Guacaneme,Cristian Guacaneme,Cristian Guacaneme
Autores Guacaneme, C.
Resumo

A reconstrução dos ambientes sedimentares marinhos no Ediacarano é um desafio quando se estudam bacias intracratônicas que são frequentemente restritas e mostram sinais geoquímicos e isotópicos locais ou regionais. Este é o caso do Grupo Bambuí, uma sucessão carbonáticasiliciclástica associada a uma bacia tipo foreland no centroleste do Brasil, representando uma transgressão marinha sobre o Cráton do São Francisco, na parte interna da Gondwana Ocidental durante o final do Neoproterozoico e início do Cambriano (Bacia do São Francisco). Novos dados estratigráficos em carbonatos do Grupo Bambuí na parte central da bacia permitem posicionar variações laterais de razões 87Sr/86Sr entre 0.7074 e 0.7140 na base (carbonato de capa) e parte intermediáriasuperior da Formação Sete Lagoas, que representam influência de água doce e alteração pósdeposicional devido à percolação de fluidos. No entanto, as razões 87Sr/86Sr menos alteradas e representativas do ambiente deposicional são identificadas em dois níveis estratigráficos específicos do Grupo Bambuí. O primeiro intervalo se posiciona na parte intermediária da Formação Sete Lagoas, entre a capa carbonática e o salto isotópico de  13C, e mostra uma diminuição das razões 87Sr/86Sr de 0.7098 a 0.7075, que logo mantem certa estabilidade entre 0.7075 e 0.7076, acompanhado de concentrações anômalas de Sr entre 500 e 4000 ppm. O segundo intervalo compreende a parte superior da Formação Sete Lagoas e a Formação Lagoa do Jacaré, e mostra razões 87Sr/86Sr entre 0.7074 e 0.7080, com valores extremamente positivos de  13C, chegando até +16‰. Estes dados confirmam um ambiente sedimentar marinho em condições tectônicas restritas devido à discrepância das razões 87Sr/86Sr pouco radiogênicas entre 0.7074 e 0.7080 obtidas nos carbonatos do Grupo Bambuí e daquelas propostas para o oceano global no final do Ediacarano, ao redor de 0.7085. As novas idades UPb de 560 Ma em zircões detríticos estabelecem a idade máxima de deposição da base da Formação Sete Lagoas (suportada pelo fóssil Cloudina de 553541 Ma) e sugere uma sedimentação contínua do Grupo Bambuí no final do Ediacarano e início do Cambriano sem hiato deposicional, ao contrário do que tem sido sugerido na literatura. Isto é coerente com o soerguimento tectônico dos cinturões orogênicos Brasília e Araçuaí nas margens do cráton durante o final do Ediacarano, alterando o regime geoquímico marinho, favorecendo a composição pouco radiogênica das razões 87Sr/86Sr e preservação de valores de  13C positivos nos carbonatos. Os resultados obtidos sugerem que o ambiente marinho restrito no interior de Gondwana Ocidental poderia ter funcionado como um obstáculo para a diversificação da vida marinha no limite EdiacaranoCambriano.

Programa Geofísica
Ano de publicação 2019
Tipo de publicação Artigo publicado em congresso
Nome da revista/jornal Boletim de resumos
Localidade Publicação Nacional
Volume 1
Página inicial 62
Página final 62
Página web https://repositorio.usp.br/directbitstream/9acbec93-e6df-4977-89fa-349362fb7781/2956318.pdf
Anexo Guacaneme, C., Babinski, M., Bedoya-Rueda, C., Paula-Santos, G.M. de, Caetano-Filho, S., & Trindade, R.I.F. da..pdf