Rochas riacianas no embasamento do Alto de Januária: implicações tectônicas no paleoproterozóico e potencial fonte de sedimentos na Bacia do São Francisco.

Autor Cristian Guacaneme,Cristian Guacaneme,Cristian Guacaneme,Cristian Guacaneme,Cristian Guacaneme,Cristian Guacaneme,Cristian Guacaneme,Cristian Guacaneme
Autores Guacaneme, C.
Resumo

O embasamento da Bacia do São Francisco entre os estados de Minas Gerais e Bahia (Alto de Januária) é caracterizado por um conjunto de rochas que variam desde gnaisses, migmatitos e anfibolitos do Arqueano, até granitoides porfiríticos e sienitos do Paleoproterozoico, e que tem sido agrupadas como um Complexo Arqueano-Paleoproterozoico nos trabalhos de mapeamento geológico regional. Neste estudo, cristais de zircão de duas amostras do embasamento do Grupo Bambuí no Alto de Januária foram datados pelo método U-Pb SHRIMP. As amostras correspondem a um biotita sienogranito e um quartzomonzonito milonitizado que produziram idades concordantes de 2157 ± 7 Ma e 2179 ± 9 Ma, respectivamente. As idades dos zircões são interpretadas como idades de cristalização, indicando uma estreita história magmática e deformacional durante o Paleoproterozoico, possivelmente relacionada à orogenia Riaciana-Orosiriana, responsável pela amalgamação do paleocontinente São Francisco-Congo. Diversos modelos paleogeográficos deste evento consideram que as rochas hoje pertencentes ao embasamento arqueano do Cráton do São Francisco, tanto na Bahia quanto em Minas Gerais, estariam unidas em um mesmo núcleo continental. As idades paleoproterozoicas aqui reportadas, no entanto, sugerem a existência de um cinturão orogênico em meio ao CSF, que separaria dois diferentes blocos arqueanos. As idades dos núcleos arqueanos a norte e a sul de Januária corroboram esta hipótese. Também, as idades das rochas riacianas aqui reportadas ocorrem nos grãos de zircão detrítico (< 10% de discordância) de pelitos intercalados nos carbonatos da Formação Sete Lagoas na mesma região, e constituem a população mais abundante, seguidas por picos no Meso- e Neoarqueano, e no Neoproterozoico, sugerindo uma importante fonte local para o aporte de sedimentos na sequência basal de 2a ordem do Grupo Bambuí. Nos pelitos da Formação Serra de Santa Helena no Alto de Januária, por sua vez, há um incremento considerável no aporte de sedimentos neoproterozoicos, que sugerem como fontes principais os orógenos Brasília e Araçuaí na segunda sequência de 2a ordem do Grupo Bambuí. Tal variação na distribuição das idades e fontes dos sedimentos entre as duas unidades pode estar relacionada à dinâmica do sistema foreland, com rápida exumação e erosão de fontes neoproterozoicas dos orógenos, assim como observado anteriormente no setor sul da bacia (Alto de Sete Lagoas). Os dados geocronológicos U-Pb das rochas riacianas do embasamento aqui reportadas, em conjunto com dados geocronológicos, sísmicos e estratigráficos do Grupo Bambuí sugerem que o Alto de Januária representava um paleo-alto do embasamento, em domínio forebulge, durante a sedimentação da sequência basal do Grupo Bambuí no final do Neoproterozoico. Isto permite distinguir entre a contribuição das principais fontes dos sedimentos na Bacia do São Francisco, que abarcam um grande espectro desde o Arqueano até o final do Ediacarano, com um notável aporte das rochas riacianas do embasamento (Cráton de São Francisco) e uma menor contribuição das rochas dos cinturões orogênicos adjacentes, que ainda constituem um desafio, devido às histórias evolutivas diacrônicas dos orógenos Brasília e Araçuaí.

Programa Geofísica
Ano de publicação 2019
Tipo de publicação Artigo publicado em congresso
Nome da revista/jornal Anais 4º Simpósio sobre o Cráton do São Francisco e Orógenos Marginais
Localidade Publicação Nacional
Volume 1
Página inicial 61
Página final 61
Página web http://28sgn.com.br/assets/files/Anais_4o_Simposio_sobre_o_Craton_do_Sao_Francisco_e_Orogenos_Marginais-ISBN.pdf