Ciclones na América do Sul sob a perspectiva da vorticidade potencial

Autor Natália Machado Crespo
Orientador Rosmeri Porfirio da Rocha
Tipo de programa Doutorado
Ano da defesa 2019
Palavras chave América do Sul
Ciclogênese
Ciclones
PV cutoffs
PV streamers
Vorticidade potencial
Departamento Ciências Atmosféricas
Resumo

Este estudo apresenta uma visão geral da atmosfera do ponto de vista de anomalias e estruturas de vorticidade potencial (VP) em altos níveis, com o objetivo de entender tais estruturas e suas influências em ciclones em superfície na América do Sul. A partir da reanálise ERA-Interim foram rastreados tanto os ciclones em superfície como as estruturas de VP (streamers e cutoffs de VP, referidos como streamers-VP e cutoff-VP) em superfícies isentrópicas no período 1979-2017. Após identificar ciclones em superfície em quatro regiões (Argentina, Uruguay, SEBrazil e Andes) são analisados seus deslocamentos, intensidade, tempo de vida, associação com estruturas de VP, e relações entre as regiões ciclogenéticas em diferentes estações do ano. O rastreamento de ciclones mostrou que: i) antes da ciclogênese no Uruguay existe uma alta frequência ciclogênese em Andes; ii) uma distribuição bimodal de ciclones em termos de deslocamento, intensidade e tempo de vida, indicando dois diferentes tipos de ciclones se formando nas Argentina, Uruguay e SEBrazil. De forma geral, ciclones que se desenvolvem em Argentina e Uruguay percorrem distâncias maiores e são mais intensos. Nas quatro regiões, streamers-VP ocorrem frequentemente durante a ciclogênese, localizados tipicamente à sudoeste. No entanto, existem diferenças sazonais durante a gênese: em Argentina e Andes, streamers-VP ocorrem principalmente no verão, em Uruguay no verão e inverno, e principalmente no inverno em SEBrazil. A frequência de streamers-VP varia para cada região, sendo encontrados mais frequentemente para Argentina e Uruguay em 320 K, enquanto que no SEBrazil e Andes em 340 K, no verão. Cutoffs-VP ocorrem com menor frequência que streamers-VP durante a ciclogênese, no entanto tendem a se intensificar ao longo do ciclo de vida do ciclone, o que é mais comum de ocorrer no verão do que no inverno. Composições de campos dinâmicos (Eady growth rate-EGR, ômega quase-geostrófico, VP, ventos em altos e baixos níveis, pressão ao nível médio do mar, altura geopotencial e umidade específica) antes, durante e depois da ciclogênese mostram importantes diferenças entre inverno e verão em cada região. Em Argentina, o ambiente é levemente mais baroclínico (medido pela maior intensidade de EGR, ômega e jato em altos níveis) no verão e o ciclone se forma sob a entrada equatorial do jato de altos níveis. Nesta estação, a anomalia de VP associada com os streamers-VP atua intensificando o movimento ascendente e contribuindo para a ciclogênese em superfície. No inverno, ciclogênese em Argentina ocorre sob a saída polar da corrente de jato, com fraco streamer-VP corrente acima. Padrões similares são observados no verão e inverno em Uruguay, porém sob baroclinia mais intensa no inverno. Em SEBrazil e Andes a corrente de jato em altos níveis situa-se distante da região ciclogenética no verão. Nesta estação, em SEBrazil, os ciclones apresentam uma estrutura vertical mais próxima barotrópica. No inverno, a maior frequência de streamer-VP e anomalias de VP têm atuação importante nas ciclogêneses em SEBrazil. Comparativamente, Andes se apresenta como a região com menor contribuição de streamers-VP e de anomalia de VP para as ciclogêneses em superfície.

 

Anexo thesis_NataliaMCrespo_corrected_compressed.pdf