Concentrações atmosféricas de gases e partículas: identificação de fontes locais e de transporte de longa distância nas cidades de médio porte de Botucatu (SP) e Londrina (PR).
Autor | Rafaela Squizzato |
Orientador | Maria de Fatima Andrade |
Tipo de programa | Doutorado |
Ano da defesa | 2022 |
Palavras chave | composição química espécies carbonáceas PMF transporte regional |
Departamento | Ciências Atmosféricas |
Resumo | No Brasil, 22% da população brasileira vive em municípios com mais de 1 milhão de habitantes, e esse percentual sobe para 57% quando consideramos cidades de médio porte com população acima de 100.000 habitantes. Essas cidades podem ter sua qualidade do ar impactada pela poluição emitida por fontes locais e distantes, e a ausência de estudos nessas regiões limita possíveis ações que visem melhorar o controle das emissões atmosféricas. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo analisar a qualidade do ar e avaliar o impacto das fontes locais e de transporte das plumas de poluentes em duas cidades brasileiras de médio porte. As amostragens ocorreram no ano de 2019 nas cidades de Botucatu/SP (junho a agosto) e Londrina/PR (setembro a dezembro). Concentrações horárias (O3, NOx, SO2, CO, CO2, MP2,5, MP2,5-10, MP10) e diárias (MP2,5, OC, BC) dos poluentes atmosféricos foram consideradas nas análises junto com as variáveis meteorológicas (direção e velocidade do vento, temperatura, radiação, precipitação). O O3 (média móvel de 8 h) e o material particulado foram os únicos poluentes que ultrapassaram os limites recomendados pela norma nacional de qualidade do ar (CONAMA Nº 491/2018) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O O3 apresentou concentrações médias de 37 ppb para ambas as cidades, e o material particulado apresentou concentrações de 7,8 ± 2,9 µg m-3 (MP2,5), 13,4± 6,8 µg m-3 (MP2,5-10) e 20,5 ± 9,2 µg m-3 (MP10) para Botucatu e de 8,4± 9,8 µg m-3 (MP2,5), 12,4 ± 13,6 µg m-3 (MP2,5-10) e 21,6 ± 19,6 µg m-3 (MP10) para Londrina. O transporte regional contribuiu com 57,1 % do total de O3 durante eventos de poluição na cidade de Botucatu. Em Londrina essa contribuição foi superior a observada em Botucatu, pois a contribuição local foi menor. A fração secundária do MP2,5 também foi estimada utilizando o CO como traçador de aerossol primário e o O3 como índice de atividade fotoquímica, e os valores obtidos foram de 39 % (Botucatu) e 56 % (Londrina). Para a identificação de perfis e contribuições de fontes aplicou-se o modelo de Fatoração de Matriz Positiva (PMF), onde as principais fontes encontradas foram ressuspensão de solo/queima de biomassa (24 %), abrasão de freios/pneus (15 %), transporte de longa distância/ aerossol secundário (19 %), exaustão (15 %) e óleo combustível/ lubrificante/ aerossol secundário (27 %) para Botucatu. Para Londrina foram identificadas as fontes de queima de biomassa/veicular (26 %), óleo combustível/lubrificante (49 %), abrasão de pneus/freios (7 %), ressuspensão de solo/queima de biomassa (16 %) e industrial (2 %). A pesquisa mostrou que apesar das baixas concentrações de determinados poluentes, as contribuições regionais nas cidades analisadas foram significativas, ou seja, melhorar a qualidade do ar de grandes centros urbanos e reduzir a queima de biomassa impactariam diretamente na qualidade do ar dessas cidades de médio porte. Além disso, no período estudado as fontes veiculares explicaram mais de 50 % da massa do MP2,5 nas duas cidades, indicando a importância dessa fonte (local e de transporte) na região.
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Anexo | tese_rafaela_squizzato_.pdf |