De global ao local: Um estudo multi-escalas de modelagem de qualidade do ar na Região Metropolitana de São Paulo

Autor Mario Eduardo Gavidia Calderón
Orientador Maria de Fatima Andrade
Tipo de programa Doutorado
Ano da defesa 2020
Palavras chave CAM-Chem
Modelos de qualidade do ar
MUNICH
Poluição do ar
Região metropolitana de São Paulo
WRF-Chem
Departamento Ciências Atmosféricas
Resumo

A poluição do ar é um problema ambiental que começa numa escala local, mas os seus efeitos vão além dos limites das cidades em diferentes escalas do espaço e tempo. As medições nas estações de qualidade do ar são a principal fonte de informação sobre o estado da atmosfera. Porém, elas possuem limitações na cobertura espacial, na interpretação da informação, e a sua implementação pode ser cara. Os modelos de qualidade do ar, através da solução das equações do movimento e das reações químicas da atmosfera, representam uma alternativa para investigar a qualidade do ar, fornecendo informação das concentrações de poluentes e as condições meteorológicas com diversa resolução espacial e temporal. Neste trabalho, diferentes modelos de qualidade do ar e inventários de emissões, em diferentes resoluções espaciais, são utilizados para estudar a qualidade do ar na região metropolitana de São Paulo (RMSP). Produtos do modelo global Community Atmosphere Model with Chemistry (CAM-Chem) são usados como condições de contorno químicas (CQC) para o modelo Weather Research and Forecasting with Chemistry (WRF-Chem). Em seguida, WRF-Chem é usado para simular a qualidade do ar na escala regional e urbana, através de domínios que cobrem a região sudeste do Brasil e a RMSP. Finalmente, o Model of Urban Network of Intersecting Canyons and Highways (MUNICH) é usado para simular ozônio e NOX dentro dos cânions urbanos, considerando como exemplo o distrito de Pinheiros. Desenvolvemos uma nova metodologia para distribuir espacial e temporalmente as emissões veiculares baseada nas emissões totais e o comprimento das estradas; e criamos um programa para construir o arquivo de emissões antropogênicas do WRF-Chem. Também desenvolvemos um pacote no R para fazer download e gerar dados prontos para serem analisados da Rede de Estações de Qualidade do Ar da CETESB, permitindo a automatização da avaliação dos modelos de qualidade do ar utilizando toda a informação disponível. Os resultados mostraram que o CAM-Chem, além de servir como CQC, representou adequadamente as concentrações de ozônio e PM2.5 para toda a RMSP com coeficientes de correlação maiores que 0.7, enquanto os poluentes primários são altamente subestimados. O WRF-Chem atingiu as benchmarks meteorológicos para ambos os domínios (e.g. ± 0.5 K de sesgo médio para temperatura, ± 10 % para umidade relativa, e ± 1.5 ms 1 para velocidade do vento). WRF-Chem subestimou as concentrações dos poluentes primários com sesgos médio normalizado (NMB) menores que -35 %, enquanto que o O3 atinge os benchmarks da acurácia com coeficiente de correlação de 0.83 e um NMB de -5 %. A simulação do MUNICH utilizando as simulações do domínio urbano do WRF-Chem melhoram a representação de NOX dentro dos cânions urbanos com um NMB de -20 %. Os resultados exemplificam as capacidades dos modelos para resolver diferentes questões sobre a formação e transporte dos poluentes atmosféricos em diferentes escalas. Esse sistema multi-escala permite a avaliação da qualidade do ar e da eficácia das políticas de controle da poluição do ar, e a realização de estudos de impacto à saúde dos poluentes atmosféricos.

 

Anexo t_mario_e_g_calderon_corrigida.pdf