Análise da influência da estrutura heterogênea de velocidade do manto em ondas telessísmicas convertidas usadas para imagear a zona de transição

Autor Felipe Proença Corral
Orientador Carlos Alberto Moreno Chaves
Co-orientador George Sand Leão Araújo de França
Tipo de programa Mestrado
Ano da defesa 2024
Palavras chave Sismologia, Função do Receptor, Zona de Transição do Manto, Simulação
Departamento Geofísica
Resumo

ste projeto de mestrado focou em analisar como o efeito de heterogeneidades presentes no manto afetam o tempo de percurso de ondas convertidas de P para S nas descontinuidades de 410 km e 600 km, que marcam a chamada zona de transição do manto. A zona de transição do manto é caracterizada por mudanças de fase do mineral olivina, o mais abundante no manto, e desempenha papel-chave no mecanismo de convecção, se em camadas ou envolvendo todo o manto. Assim, o entendimento sobre a estrutura da zona de transição pode trazer importantes informações sobre o estilo de convecção predominante no manto da Terra, um problema ainda aberto em geodinâmica. As ondas P e suas conversões nas descontinuidades de 410 km e 660 km, P410s e P660s, são amplamente utilizadas para determinar variações na topografia das descontinuidades de 410 km e 660 km, principalmente em estudos regionais. Para tal propósito, utilizamos sismogramas sintéticos obtidos pelo método do elemento espectral com o modelo PREM, com 2 modelos de tomografia sísmica global recentes para 12 eventos distribuídos em forma espiral a partir das coordenadas -100 °E e 40 °N e registrados por 1848 estações sísmicas virtuais localizadas nos Estados Unidos. A partir de sismogramas empilhados, estimamos tempos de percurso com a teoria do raio para o modelo PREM e para os modelos de tomografia sísmica. Com isso, pudemos mapear variações de tempo de percurso da P410s-P e P660s-P e analisar como simplificações teóricas afetam a estimativa da espessura da zona de transição. Adicionalmente, para verificar a resolvibilidade das variações laterais da topografia das descontinuidades do manto a partir do método de função do receptor, nós distorcemos a malha de elementos espectrais do SPECFEM3D GLOBE tal que pudemos analisar como variações harmônicas na topografia, de diferentes comprimentos de onda, são recuperadas. Neste trabalho verificamos se o procedimento comumente aplicado para estudos de Função do Receptor conseguiria resolver as dimensões laterais e verticais de estruturas topográficas nas descontinuidades de 410 km e 660 km que definem a zona de transição do manto, quando não consideramos somente o modelo 1D e quando aplicamos as correções de tempos de percurso usando os modelos 3D de tomografia sísmica. O método da função do receptor é bastante sensível às variações de topografia em ambas as descontinuidades, podendo resolver lateralmente diversos tamanhos de topografia, excetuando-se feições de curto cumprimento de onda, tendo a sua resolvibilidade comprometida, podendo ficar indetectáveis por esse procedimento. O mesmo não se pode dizer para as amplitudes dessas feições, que diferiram do valor adotado nas simulações, tendendo a superestimar os valores das feições aplicadas as descontinuidades. Analisando os resultados principais do projeto, o qual é avaliar a influência da estrutura de velocidade sobre a onda P e suas conversões nas descontinuidades de 410 km e 660 km, ou seja, como não considerar correções de tempo devido às heterogeneidades no manto pode afetar o imageamento das topografias na zona de transição do manto. Como resultado, temos que as correções de tempo de percurso usando modelos de tomografia se mostram indispensáveis para a recuperação das feições nas descontinuidades da zona de transição do manto, contudo, devido às limitações do processamento aplicado, identificamos a presença de artefatos de processamento de feição semelhante em todos os casos estudos e que possivelmente são interpretados erroneamente como feições topográficas em situações reais. Outro ponto é que ao usar somente as correções de tempo de percurso baseado na teoria do raio, a correção usando diferentes modelos forneceram diferentes resultados, nos fazendo questionar se não seria necessário realizar correções de efeitos de frequência finita para diminuir a disparidade encontrada entre as diferentes correções de tempo de percurso usando modelos 3D.

Anexo Felipe Corral.pdf