Estudo das propriedades físicas e estruturais na região das bacias do Paraná, Chaco-Paraná e Pantanal a partir de dados gravimétricos e de ondas de superfície.

A região sudeste da plataforma Sul-Americana é formada por uma variedade de feições geológicas, como crátons, cinturões orogênicos, zonas de sutura e eventos magmáticos, incluindo uma província magmática. Com o propósito de estudar essas estruturas, especialmente sob as bacias do Paraná, Chaco-Paraná e Pantanal, foram utilizados dois métodos geofísicos complementares: gravimetria e tomografia de ondas de superfície. Inicialmente, foi elaborado um novo mapa de anomalia Bouguer completa para a área combinando-se dados gravimétricos terrestres com um modelo regional. Posteriormente, foram calculadas as componentes da atração gravitacional de massas conhecidas e, após a remoção destas componentes da anomalia Bouguer, foi construído um mapa de anomalia residual. Baseando-se neste residual e em três modelos diretos 2D, foi apresentada uma revisão da geometria do bloco Paranapanema e do cráton Luiz Alves, além de uma nova delimitação da região de influência do enxame de diques de Ponta Grossa. Complementarmente, foram calculados dois modelos de velocidade de onda S independentes, derivados de ruído sísmico ambiental e de terremotos, os quais possibilitaram o imageamento simultâneo da estrutura da crosta e do manto litosférico sob a região de estudo, respectivamente. No manto litosférico, foram identificadas altas velocidades nas regiões da bacia do Paraná e dos crátons São Francisco, Amazônico e Luiz Alves, e baixas velocidades sob a bacia do Pantanal, as quais podem estar associadas a um possível afinamento litosférico. Também foi imageado um forte contraste de velocidades sísmicas, separando a borda leste da bacia do Pantanal da bacia do Paraná, coincidente com a Sutura do Oeste do Paraná. Um mapa de profundidade da Moho foi elaborado a partir do modelo crustal de velocidades, o qual possui uma boa correlação com resultados prévios, mas com uma crosta mais espessa na região central da bacia do Chaco-Paraná (~43 km) do que o estimado por estudos anteriores. Essa crosta mais espessa, juntamente com sua contraparte na bacia do Paraná, apresenta uma excelente correlação com a área mapeada em superfície de extensão dos derrames magmáticos que formam a Província Magmática do Paraná (PMP). Processos magmáticos podem, portanto, ter sido importantes não só na bacia do Paraná, mas também na bacia do Chaco-Paraná e o espessamento identificado ser um indicativo de underplating. A partir da interpretação conjunta dos dois estudos, a anomalia Bouguer residual foi recalculada usando a mesma metodologia do primeiro estudo, agora com o mapa de profundidade da Moho derivado no segundo estudo. Com esse novo resultado, foi possível validar a hipótese do underplating com dados gravimétricos e apresentar modelos possíveis de espessura e contraste de densidade desse excesso de massa sob a PMP.