Influência de processos superficiais no falhamento pós-rifte durante a evolução de margens divergentes

Autor Rafael Monteiro da Silva
Orientador Victor Sacek
Tipo de programa Doutorado
Ano da defesa 2021
Palavras chave processos superficiais. modelagem numérica. margens divergentes. reativação de zonas cisalhamento.
Departamento Geofísica
Resumo

A evolução de margens continentais divergentes depende da interação entre a dinâmica do interior da Terra e os processos superficiais de erosão e sedimentação. Devido à complexidade dos diferentes processos envolvidos em regimes extensionais, o uso de modelos numéricos é uma ferramenta natural para o estudo do desenvolvimento dessas margens. Na última década, diferentes modelos numéricos foram desenvolvidos para simular a interação entre processos superficiais e tectônicos, principalmente com foco na evolução sin-rifte de margens divergentes, avaliando como a erosão e sedimentação podem afetar os estados térmico e tensionais da crosta e do manto durante o estiramento litosférico. Entretanto, do ponto de vista da comunidade de modelagem numérica, menor atenção foi dirigida a evolução pós-rifte de margens divergentes, dezenas de milhões de anos após a ruptura continental. Assim, o objetivo deste trabalho é o desenvolvimento e aplicação de modelos numéricos termo-mecânicos que simulam a formação e evolução de margens continentais divergentes deste o rifteamento continental, levando em consideração os processos superficiais de erosão e/ou sedimentação, através de experimentos numéricos por um período de tempo geológico de 50-100 milhões de anos. Baseado em dois modelos numéricos independentes apresentados nesta tese, eu concluo que o grau de acomplamento entre a crosta superior e o manto litosférico, a magnitde e extensão da erosão da paisagem costeira e a preexistência de zonas de fraquezas na crosta continental são elementos importantes que controlam a reativação de falhas ao longo de margens divergentes durante a fase pós-rifte. Os experimentos numéricos indicam que a presença de uma crosta inferior de viscosidade baixa, facilitando o desacoplamento da crosta superior e o desenvolvimento de margens hiper-extendidades, também podem contribuir para o desenvolvimento e/ou a reativação de falhas normais no interior do continente quando a margem é continuamente sujeita à denudação diferencial. Este efeito pode ser suprimido em cenários onde a crosta inferior apresenta viscosidade alta, consequentemente induzindo o acoplamento da crosta superior com o manto litosférico. Neste caso, o comprimento de onda longo da resposta flexural da litosfera em conjunto com a descarga erosiva tem um impacto menor na reativação de falhas na crosta superior. Adicionalmente, a preexistência de zonas de fraqueza na crosta superior, e.g. devido à baixa coesão interna das rochas, pode contribuir para nuclear falhas normais, amplificando a taxa de deformação nestas regiões durante os períodos de altas taxas de denudação. Essas conclusões foram aplicadas ao estudo da evolução pós-rifte da margem sudeste brasileira, onde um tectonismo Cenozóico originou o Rifte Continental do Sudeste do Brasil (RCSB). Eu proponho que a combinação de uma litosfera continental desacoplada e a preexistência de zonas de cisalhamento paralelas à costa contribuíram para o desenvolvimento do RCSB. Além disso, a magnitude da denudação pós-rifte ao longo da margem sudeste brasileira, entre 3 e 4 km como indicado por dados termocronológicos, amplificaram a resposta flexural e favoreceram o regime extensional da crosta superior, principalmente no interior continental.