Magnetostratigrafia e reconstrução paleoambiental de sucessões marinhas do Oceano Neo-Tétis: novas perspectivas acerca dos principais eventos paleoclimáticos do Paleógeno
Autor | Jairo Francisco Savian |
Orientador | Ricardo Ivan Ferreira da Trindade |
Tipo de programa | Doutorado |
Ano da defesa | 2013 |
Departamento | Geofísica |
Resumo | O intervalo que compreende o Paleoceno, Eoceano e Oligoceno (65,5-23,03 Ma) testemunhou importantes mudanças paleoclimáticas e paleogeográficas. Dados de isótopos estáveis (δ18O e δ13C) em foraminíferos pelágicos mostram uma tendência de resfriamento de longo período, que termina com o evento abrupto Oi-1 (~34 Ma), próximo à transição Eoceno/Oligoceno, coincidente com a principal fase de glaciação da Antártida. Sobreposta a essa tendência de resfriamento lenta, observa-se curtos intervalos de aquecimento global extremos. Estes eventos hipertermais tem duração inferior a 300 kyrs e correspondem a variações de temperatura de 5° a 6° C. Na metade do Eoceno (~ 49-34 Ma), os registros isotópicos também indicam um forte evento de aquecimento transiente há ~40,0 Ma, o Ótimo Climatico do Eoceno Médio (MECO, na sigla em inglês). Nesta Tese apresentamos a magnetoestratigrafia, bioestratigrafia (nanofósseis e foraminíferos), litoestratigrafia, magnetismo ambiental, geoquímica e dados de isótopos de carbono e oxigênio em carbonato e em foraminíferos bentônicos ao longo do intervalo Eoceno-Oligoceno de sucessões do Oceano Indico (testemunho ODP 711A) e Neo-Tétis Oriental (seções de Monte Cagnero e Contessa). Os principais eventos climáticos globais do Paleoceno foram reconhecidos nestas seções. Este estudo mostra que as seções ODP 711A, Monte Cagnero (MCA), e Contessa (CHW–CR) oferecem um registro completo e integrado desde o Paleoceno até o Oligoceno da magnitude dos eventos hipertermais e do MECO, bem como as variações biogeoquímicas que os acompanharam. A seção de Monte Cagnero registra os mais importantes eventos climáticos do Eoceno-Oligoceno Inferior, incluindo a transição E-O em ~34 Ma e o MECO em ~40 Ma. Uma análise integrada e de alta resolução de isótopos estáveis, geoquímica, micropaleontologia e magnetismo ambiental neste seção ao longo do MECO revelou um intervalo de alta produtividade marcado por uma grande abundância de magnetofósseis, compreendendo o pico de temperatura do MECO e o período imediatamente posterior. O mesmo sinal foi observado em Contessa e no testemunho ODP 711A. Nós especulamos que durante o MECO, um período mais quente, ocorreu um aumento na quantidade de hematita levada aos oceanos por meio de transporte eólico gerando fertilização e um consequente aumento de produtividade nos oceanos. A ocorrencia ubiqua de magnetofósseis em períodos quentes ao longo de todo o Eoceno sugere que mecanismos similares tenham sido responsáveis pelos picos de produção e preservação de magnetossomas. |
Anexo | t_jairo_f_savian_original.pdf |