Modelagem da deformação da crosta continental do Norte dos Andes através de inversão de dados sísmicos e geodésicos

Autor Gabriel Enrique Dicelis Salamanca
Orientador Marcelo Sousa de Assumpção
Tipo de programa Doutorado
Ano da defesa 2016
Palavras chave InSAR, deslocamento cossísmico, GNSS, inversão de dados geofísicos
Departamento Geofísica
Resumo

Na costa oeste da América do Sul, ao longo da fossa entre a Colômbia e o Chile, encontra-se a rígida placa de Nazca com a placa Sul-Americana. A placa de Nazca mergulha sob o continente com movimentos de escorregamento e empurrão, esta zona é denominada zona de subducção. Na região norte da placa Sul-Americana, na altura do Equador, a velocidade horizontal atinge ~60 mm/ano, com incertezas de 1-3 mm/ano nas velocidades horizontais e 3-6 mm/ano nas velocidades verticais. Isto é consistente com um acúmulo de tensão numa falha de subducção, devido ao bloqueio na área de contato das placas durante o período intersísmico, e que seria violentamente liberada pela ruptura da falha durante o terremoto. No caso do bloco do Norte dos Andes (entre Colômbia e Equador) o regime de esforços compressivo é geralmente bimodal, estes são: 1. Esforço normal à margem, com direção NW-SE produzindo deformação permanente, falhamentos inversos, geração de montanhas e acumulo de tensão, e 2. Paralelo à margem, com direção ENE-WSW que produz um aparente deslocamento do bloco do Norte dos Andes “escapando” ao nordeste e apresentando falhas laterais dextrais strike-slip. No regime de esforços compressivo normal à margem, o acumulo de tensão é o resultado da convergência das placas Sul-América, Caribe e Nazca, e a micro-placa do Panamá. O falhamento strike-slip paralelo à margem está bem documentado ao sudeste do Equador e no Nordeste na Venezuela, mas não é muito claro no segmento de encurtamento de ~100km do Mioceno-Plioceno normal à margem no leste da cordilheira. Este trabalho visa estudar a deformação tectônica relacionada com a geodinâmica regional e a sismicidade do bloco do Norte dos Andes. Na primeira etapa do projeto foram calculados vários interferogramas usando imagens de radar de apertura sintética, InSAR, com vários satélites, geometrias orbitais e estratégias de correção de erros, que permitissem determinar a deformação cossísmica de um terremoto. Na segunda etapa foram desenvolvidos vários programas e rotinas para o cálculo e determinação de modelos sintéticos de deslocamento do solo e da linha de visada (LOS) dos diferentes satélites estudados e para as diferentes fases do ciclo dos terremotos (intersísmico, cossísmico, pós-sísmico). Os modelos sintéticos para o problema cossísmico foram usados numa metodologia envolvendo inversão do campo de deslocamento da superfície, que permitissem inferir os parâmetros hipocentrais de um terremoto. Os resultados da modelagem foram validados por meio da comparação com mecanismos focais obtidos usando várias metodologias (como primeiras chegadas das ondas P, inversão de forma de onda) e relocalização de réplicas dos eventos estudados (Quetame, Colombia 2008 e Pedernales, Equador 2016), mostrando boa concordância. Na terceira e última etapa foram usados dados de GPS para calcular um modelo de deslocamento e velocidades do bloco do Norte dos Andes com o intuito de caracterizar suas componentes de rotação e deformação. 

Anexo t_gabriel_e_d_salamanca_corrigida.pdf