Anisotropia magnética e gravimetria do Complexo Intrusivo Santa Angélica, Faixa Araçuaí

Autor Gelson Ferreira de Souza Junior
Orientador Prof. Dr. Ricardo Ivan Ferreira da Trindade
Tipo de programa Mestrado
Ano da defesa 2021
Palavras chave Orógeno Araçuaí, magmatismo pós-colisional, gravimetria, modelagem gravimétrica, anisotropia de suscetibilidade magnética, análise microestrutural
Departamento Geofísica
Resumo

O Complexo Intrusivo Santa Angélica (CISA) está localizado na Faixa Araçuaí, na região Sudeste do Brasil. É um complexo plutônico Cambriano alongado na direção NE, composto de dois plútons gêmeos (lóbulos Nordeste e Sudoeste) com formato de olho de boi (“bull’s eyes”) e trama interna concêntrica (“onion skin”). Foi formado durante o estágio pós-colisional do Orógeno Araçuaí (OA), um exemplo de orógeno Neoproterozóico relacionado ao Ciclo Brasiliano. Os plútons pós-colisionais na porção sul do OA intrudem uma crosta mais profunda e têm um padrão concêntrico inversamente zonado, enquanto os plútons pós-colisionais da porção norte são batólitos graníticos/charnockíticos muito maiores com lineações sub-horizontais. Embora o CISA seja amplamente reconhecido como livre de deformação regional devido ao seu contexto tectônico e datações, uma importante deformação em estado sólido foi registrada em suas bordas, bem como uma zona de cisalhamento interna. Neste trabalho, o objetivo é estudar os mecanismos responsáveis pela geração dessas feições e compreender melhor a causa das diferentes arquiteturas apresentadas pelos corpos pós-colisionais quando colocados em níveis crustais distintos. Aplicamos a modelagem direta 2D de dados gravimétricos no CISA e em suas rochas encaixantes, juntamente com uma análise estrutural completa por meio de anisotropia de susceptibilidade magnética (ASM), anisotropia de remanência magnética (ARM) e dados microestruturais de seções delgadas orientadas. Os dados gravimétricos obtidos com o levantamento de campo refletem as distribuições inversamente zoneadas, da gradação das bordas graníticas para núcleos de composição máfica. As análises magnéticas indicam que a magnetita multidomínio controla a trama magnética das rochas encaixantes do CISA. A modelagem gravimétrica 2D mostra que no Lóbulo Nordeste afloram a raiz do plúton e sua espessura é bem menor que a do lóbulo Sudoeste. Usando a análise microestrutural e a trama mineral magnética, três zonas foram identificadas onde há microestruturas que evidenciam deformação em estado sólido: (i) rochas encaixantes que têm foliação paralela ao contato com o CISA, (ii) a borda granítica foliada e (iii) a zona de cisalhamento interno. Nas áreas (i) e (ii), as microestruturas de estado sólido de temperaturas mais altas são sobrepostas por estruturas de mais baixa temperatura, enquanto a área (iii) possui apenas estruturas em estado sólido de altas temperatura. Duas hipóteses são levantadas para esta estruturação, envolvendo a deformação regional ou diapirismo reverso. No primeiro caso, as estruturas observadas ao longo das bordas do corpo representa o particionamento tardio da deformação que se manifesta também nas zonas de cisalhamento regionais. No segundo caso, ela teria sido causada pela flutuabilidade negativa das rochas máficas após o processo de cristalização.